INIBIÇÃO E SINTOMA: a angústia na clínica hoj
Clínica Psicanalítica; Inibição; Sintoma; Angústia. Vera Lopes Besset
RESUMOUma inibição pode levar um sujeito a procurar um analista? Talvez, mas para isto é preciso que ela se torne sintomática, que adquira o estatuto de sofrimentos de um sintoma. Sintoma que se apresente como enigma ao sujeito nele revelado como desejante. Caso contrário, existem soluções bem atraentes no mercado: medicamentos, cada vez mais eficazes, desde os antidepressivos que podem evitar qualquer tristeza, até o Viagra, resposta à inibição da função sexual. Nesse contexto, nossa proposta é refletir sobre as relações entre a inibição e o sintoma, tomando como ponto de articulação a angústia, partindo da formulação original de Freud e da contribuição de Lacan sobre o tema. Assim, nossa discussão privilegia o lugar do sujeito no que concerne o que se apresenta na clínica como inibição, ao interrogar o analista em sua função de fazer emergir o desejo que nela se insinua.
SUMMARYIts it possible that an inhibition drives someone to look for a psychoanalyst? Perhaps it is. But, for this it will be necessary that the inhibition becames symptomatic, it means that it must get the status of a suffering sympton. The showed sympton must be like on enigma for a person, who is disclosed as a whisher. On he other hand, the are very attractive solutions on the market: drugs, more and more efficient, from the antidepressive medicaments – that are able to avoid any sadness – to the Viagra- a great solution for the sexual function inhibition. In this context, our aim is reflecting about the relations between the inhibition and the sympton. For this, we will take the anguish as an joint point, under Freud’s original formulation and the Lacan’s point of vue about this theme. Thus, our discussion distinguishes the place of the subject in relation to the phenomenons that appear in the psychoanalytical practice as an inhibition, when the psychoanalist is interrogated in his or her function of making the desire becomes manifest.
Uniterms: Psychoanalytical pratices; Inhibition; Sympton; Anguish.
“A inibição é um sintoma posto no museu”, nos diz Lacan (2004 [1962-1963}) em
seu seminário sobre a angústia, quase trinta anos depois de Freud (1987/1926, p. 83) ter
afirmado que, embora distinta do sintoma, uma inibição pode se tornar “sintomática”.
Assim, se este último postula a possibilidade de transformação da inibição em sintoma, o
primeiro afirma que a inibição é sintoma. Não qualquer um, mas um sintoma “posto no museu”. Como podemos entender isso?
Antes de tentar responder a essa questão, vejamos o interesse clínico de tal
empreitada, considerando-se a clínica em sua contemporaneidade. Nesse sentido, seria
possível afirmar que a inibição pode levar um sujeito a buscar tratamento, dirigindo-se a
A resposta pode ser afirmativa, à condição de que a inibição preencha um requisito:
é preciso que tenha se tornado sintomática, ou seja, que tenha adquirido o estatuto de
sofrimento de um sintoma. Tentemos avançar, recorrendo aos autores citados.
Para Freud (1987/1926), o que está em questão na inibição é a limitação de uma das
funções do eu, entre elas a funçãosexual, a de alimentação, a de locomoção e a de
trabalho. No caso de uma variação inusitada de uma dessas funções ou do estabelecimento
de uma novaoperação, dá-se a passagem do registro da inibição para o de sintoma.
Lacan, estudando, igualmente, a inibição em suas relações com o sintoma e a
angústia, coloca estes três termos dispostos em função de dois eixos: o do movimento e o da
dificuldade. O primeiro se define a partir da relação do movimento com a inibição, posto
que, nesta, “é da parada de locomoção que se trata” (Lacan, 2004, Lição de 14 de
novembro), pelo menos, metaforicamente. O segundo refere-se ao que faz eco –como
sofrimento-do sujeito, em cada um desses fenômenos. Situamos, então, esquematicamente,
o sujeito nesse eixo – da dificuldade - e o eu no eixo do moviment. Eis o quadro proposto
Em relação a esses dois eixos, então, a inibição encontra-se no ponto de menor
dificuldade e de menor movimento. É neste ponto que podemos situar a inibição em seu
sentido estrito, em termos freudianos, ou seja, da limitação de uma função do eu. Se
situarmos esta dificuldade a nível do sujeito, presentificado como um sofrimento, podemos
supor que uma inibição não o conduz à análise, o que é coerente com sua posição de menor
movimento. É preciso, para tal, que um deslocamento, ou uma mudança de estatuto desta
inibição se dê; em nosso esquema, isto se traduziria como caminhar em direção à dimensão
do sintoma. Assim, é quando uma inibição se torna, ou se faz, sintoma que um sujeito
Quando esta se fazsintoma mesmo que esse novo sintoma não implique diretamente
o sujeito em questão, mas os que o cercam, na família, na escola ou no trabalho, por
exemplo, quer se trate de crianças, adolescentes ou adultos. De toda forma, para que se
possa falar a um analista, é preciso que o próprio sujeito se deixe intrigar, em alguma
medida, por sua inibição sintomática e que tenha uma interpretação prévia sobre ela. Por
outro lado, o apelo à psicanálise supõe que esta possa se afirmar como um saber específico,
eficaz, somos tentados a dizer, para o tratamento aos impasses dos sujeitos.
Mas, se o sofrimento de um sintoma pode levar alguém a procurar um analista, a
entrada em análise, propriamente dita, requer um passo a mais: a construção de um sintoma
analítico. Sintoma coerente com o que Freud denominou neurose de transferência. Ou seja,
um sintoma que permita o endereçamento ao analista de uma questão sobre seu ser de
sujeito. Para tanto, a suposição de um saber à própria psicanálise seria condição prévia para
a escolha de um analista qualquer.
Isto é algo que concerne a todos nós, como analistas inseridos no mundo
contemporâneo, dominado pelos avanços da ciência e da tecnologia. Como fazer valer esse
discurso, o discurso do analista, na atualidade? Como manter viva a psicanálise em sua
dimensão de peste tal como Freud a qualificou ao levá-la aos americanos?
Evidentemente, não se pretende, nesse contexto, encontrar uma resposta para
resolver algo que se apresenta a nós como problema. Mas, formulá-lo como tal pode servir
para nos fazer avançar um pouco nesse debate. A questão que poderia resumi-lo é: o que
tem a psicanálise a dizer hoje em meio aos avanços da química quanto aos impasses da
inibição e das novas formas do sintoma? O que tem a psicanálise a dizer sobre as diversas
manifestações da angústia em nossos dias?
Quando se trata do sintoma, dispomos de uma teorização que nos permite trabalhar
na clínica, no sentido de precipitar uma entrada em análise. Mas tudo se complica quando o
que o sujeito traz é uma inibição que ele próprio não reconhece como sintomática, isto é,
implicando algo de seu, de seu desejo. Como fazer, então, de uma inibição o motor de uma
A afirmação de Lacan, aproximando a inibição do sintoma, fornece uma pista para
nossa reflexão. Entender a inibição como um sintoma posto no museu, implica supor um
movimento do sujeito nesta operação. Pois, é preciso uma ação para que algo seja colocado
no museu. Além disso, estar no museu dá uma certa garantia de preservação, ao mesmo
tempo em que tem por efeito tirar algo de circulação. A inibição como tal não se articula
em discurso, é ao se tornar sintomática que ela pode fazer laço, laço social. A clínica da
neurose obsessiva pode nos ensinar sobre isto.
Pois, é justamente o sintoma obsessivo que Freud interroga ao se debruçar sobre as
relações entre a inibição, o sintoma e a angústia, em seu célebre texto sobre o assunto
(Freud, 1987/1926). Neste, se delineia uma articulação possível entre a inibição e o sintoma
pelo viés da angústia. Angústia que a psiquiatria eficazmente apresenta, atualmente, sob
várias roupagens, que vão desde o pânico, delimitado como doença, até a recente fobia social, para a qual se propõe tratamento específico. Pode-se acusar o sujeito, às voltas com
a queda dos ideais -políticos, morais, expostos em sua face de utopia- de se agarrar às
respostas que a psiquiatria e, mesmo, a psicologia –lembremos das classificações atuais
para os distúrbios cognitivos- fornecem, generosamente, ao “Quem sou eu?”
Como contrapor nossa proposta de trabalho clínico frente às fórmulas de outras
práticas que, à inconsistência do ser na linguagem propõem respostas da ordem do ter ou,
mesmo, da ordem do ser, tal como produtos de mercado da sociedade de consumo na qual
vivemos. Assim, posso ter LER, ou pânico de elevador, entender que meu filho é hiperativo
ou tem distúrbio da atenção.Se tantos se deixam seduzir por este tipo de solução -está aí o
Viagra que não nos deixa mentir- é porque aquilo que se produz como inibição ou, mesmo,
sintoma, não os implica enquanto sujeitos desejantes.
Mas, apesar de tudo, a psicanálise continua viva, ainda, é o que nossa clínica
demonstra. Continuamos recebendo sujeitos que querem nos dizer de seu sofrimento,
mesmo que este já se apresente cunhado nas novas fôrmas - ou novas formas - do
contemporâneo. Atualmente, não é raro nos chegarem sujeitos se dizendo deprimidos ou
com dificuldades importantes ligadas à escola ou ao trabalho. Estas dificuldades referem-se
à entraves que atingem atividades específicas, muitas vezes intelectuais. Algo que se
apresenta ao sujeito como obstáculo, mas que não o interpela e no qual não se reconhece.
Ter uma dificuldade no sentido de não conseguir ou não obter o que se almeja,
aparece como distinto de sofrer de um sintoma. Talvez esteja aí o ponto de distinção: na
inibição, o sofrimento do sujeito pode ficar, diferentemente do sintoma, escamoteado, por
assim dizer. Na inibição, grosso modo, o sujeito não diz sofro, mas: “algo me aborrece”.
Este sofrimento escamoteado na roupagem da inibição nos remete ao fora de circulação do
sintoma posto no museu, tal como sugere Lacan. Mas, se ao Outro, na cena analítica, o
sujeito apresenta sua demanda pela via de um sintoma, como responder àquele que nos
exibe somente sua inibição? Delimitemos algumas pistas, a partir das relações desta com a
Freud é explícito: a inibição se relaciona com o eu, ocorre no eu e ao eu (Freud,
1987/19226, p. 86). Pode, com freqüência, ser ocasionada por uma “renúncia a certa função
porque na base de sua execução sedesenvolveria a angústia” (Freud, op.cit., p. 84). Produz-
se, então, uma parada do movimento, um não-funcionamento, com a finalidade de evitar a
angústia. O escamoteamento do sofrimento aparece, aqui, indicado.
No que concerne o sexual, à função sexual, esta renúncia pode tomar uma forma
sintomática, como no caso do asco, na histeria, e das ações obsessivas, na neurose
obsessiva. Estas últimas constituem “precauções contra um vivenciar sexual e, portanto,são
de natureza fóbica” (Freud, op.cit., p. 84-89). O vivenciar sexual que é evitado nesta ação
não se refere a algo da atualidade, mas trata-se da reação “a posteriori {nachträglich},
frente ao ato sexual vivenciado de maneira passiva, e logo emerge tendo por base a
representação obsessiva” (Freud, op.cit., p. 85).
A relação com o sexual está presente mesmo nas inibições relativas às funções não-sexuais, pela sexualização, ou erotização, ligada a elas. Para Freud, o eu renuncia às
funções para não entrar em conflito com o isso e se ver obrigado a efetuar um novo
recalque. Sobre isto, afirma: “Obtivemos esta compreensão, de validade universal: a função
específica de um órgão se deteriora quando aumenta sua erogeneidade, sua significação
Algumas funções que proporcionam proveito e êxito podem ser inibidas pelo eu,
que renuncia a elas para não entrar em conflito com o isso. São inibições freqüentemente
ligadas às atividades profissionais. Segundo Freud, estão a serviço da auto-punição,
vedando o acesso àquilo que um supereu severo negou. Entretanto, as inibições mais gerais
do eu obedecem a um mecanismo diverso, mais simples.
Quando se trata de uma tarefa psíquica especialmente penosa, como o luto ou a
sufocação de fantasias sexuais que afloram continuamente, “o eu se vê obrigado a limitar
seu gasto de energia em muitos terrenos ao mesmo tempo.” A energia de que dispõe é
pouca, tal como “o investidor que utiliza todos os seus recursos em suas empresas.” (Freud,
op.cit., p. 86) O caso do neurótico obsessivo que cai em fadiga paralisante, durante um ou
vários dias, toda vez que se vê às voltas com situações que provocam ira, ilustra o
fenômeno da inibição quando este é provocado por um empobrecimento da energia. Esta
causação pode estar presente na inibição generalizada que caracteriza os estados depressivos, segundo Freud (Idem). Esta diminuição de energia viria se somar, então, à
precaução, até evitação, do sexual, nesse caso, contra o insuportável de uma posição
passiva, de objeto, quanto ao sexual, vindo do Outro. Mas, se na inibição, a angústia é
escamoteada como paralisia, no sintoma, ela se adivinha na vertente de sofrimento que
Dentro de uma concepção estritamente freudiana, o sintoma, distintamente da
inibição, é ele próprio substituto de uma satisfação pulsional interceptada. Ao mesmo
tempo, é o indício da presença desta satisfação. Forma paradoxal de satisfação, por
atualizar, presentificando, a interdição da satisfação que vem substituir. Paradoxo que traz
a dificuldade da resistência, pois a perspectiva de alívio do sofrimento, explicitada na
demanda do sujeito que nos procura, traz a ameaça do abandono de um modo de satisfação
ao qual esse já se habituou. No sintoma, como mostra o esquema de Lacan (2004, p. 22),
que reproduzimos abaixo, há um impedimento, impedimento relativo a um movimento.
Assim, enquanto na inibição registramos uma quase-ausência de movimento, um
ponto de menor movimento, no sintoma podemos situar o impedimento do movimento, tal
como faz Lacan, em coerência com o pensamento freudiano. Ou seja, a satisfação em
curso, promovida pelo sintoma, sofre uma degradação, pelo recalque, resultando em que o
processo de descarga fique mantido no corpo. Isto, porque “lhe está proibido {verwheren}
transpor-se em ação” (Freud, op.cit., p. 91).
No sintoma, o processo substitutivo é mantido afastado da motilidade, sendo
obrigado a se esgotar em uma alteração do corpo próprio: “no recalque, o eu trabalha sob a
influência da realidade externa e por isso segrega dela o resultado do processo substitutivo”
(Freud, Idem). A que realidade externa Freud se refere aqui? À realidade da interdição do
incesto, que institui o desejo como tal? De todo modo, o desejo – incestuoso - que está na
base do sintoma, só pode se realizar nos sonhos. A satisfação dos sintomas, sempre
substituta, renova sempre, pela repetição, a interdição que faz existir um desejo de sujeito.
É o eu que comanda o passo para a ação sobre o mundo exterior, tanto quanto o
acesso à consciência. Se a inibição se passa ao nível do eu, devemos lembrar que ela é
posterior ao sintoma, se entendemos que o surgimento do sujeito neurótico é correlato à
construção de uma formação sintomática, como conseqüência do recalque.
Na conversão histérica, a luta defensiva contra a moção pulsional terminaria com a
formação do sintoma, o que o torna o único tipo de sintoma bem sucedido, no entender de
Freud. Entretanto, em nossos dias, no final do século que viu nascer a psicanálise, nem
mesmo a conversão deixa o sujeito ao abrigo do retorno daquilo do qual não quer saber.
Em função da difusão da psicanálise e da estrutura de linguagem do inconsciente somente
em condições sócio-culturais específicas, ao que parece, há registro da conversão histérica,
Mas, é nos sintomas obsessivos, onde “a luta contra a moção pulsional encontra sua
continuação na luta contra o sintoma” (Freud, op.cit., p. 94), que talvez seja possível
visualizar melhor o uso das novas armas para o envoltório formal do sintoma, tais como as
que o discurso da ciência distribui no mercado dos bens.
Se há algo a fazer, ai, na clínica psicanalítica, é porque os analistas continuam,
como Freud, a poder ouvir no discurso daquele que o procura pedindo tratamento, cura,
nas falhas que nele se apresentam como silêncios ou tropeços, a fala de um sujeito dividido
por seu desejo. Assim, é supondo a presença da angústia na base da inibição que esta pode
surgir em sua face de sintoma, no sentido psicanalítico do termo, como algo da verdade de
Um homem chega ao consultório com uma queixa: não tem entusiasmo pelas coisas
que empreende. Diz-se deprimido e explicita sua incapacidade para desejar. Trata-se de um
obsessivo e, como tal, tem sucesso em sua manobra de manter o desejo como impossível,
ou seja, promove aquilo do qual vem se queixar. Assim, a inibição – no trabalho e na vida
amorosa - se apresenta a ele como uma patologia do desejo. Não consegue desejar. Sua
tentativa de saber quem é como sujeito, pela psicanálise, parece mais uma tentativa de
manutenção de um não querer saber daquilo que lhe afeta, inscrevendo-se em seu discurso
É por não atender ao apelo desse sujeito, paradigmático do sujeito contemporâneo,
anestesiado com os gadgets de consumo de gozo culturalmente estimulado e permitido,
apelo que se formularia “mantenha-me morto assim como estou”, que o analista pode fazer
surgir no gozo delineado na repetição sintomática, a pergunta: “Por que insisto em algo que
me faz sofrer? Que prazer é esse que me angustia?”
Gostaríamos de concluir voltando ao início: ao analista cabe contribuir para retirar
do museu a inibição, promovendo o desconforto que pode levar o sujeito a se perguntar por
seu desejo. O que só é possível a partir do respeito a uma realidade que é a de seu tempo,
ou seja, a de um mundo que demanda respostas eficazes, científicas, o que talvez implique
em não ficar surdo a este apelo sem abrir mão da especificidade de sua proposta. Será
iNotas
Texto publicado em Psychê. Revista de Psicanálise. Ano IV. N. 5. 2000, p. 29-37. Apresentado na Jornada de Psicanálise 45 anos da SPID, realizada em outubro de 1998, no Rio de Janeiro. Trabalho ligado à pesquisa em andamento, intitulada “Os afetos na clínica psicanalítica: repensando Freud com Lacan”, desenvolvida no âmbito da Pós-Graduação em Psicologia do IP/UFRJ, com apoio do CNPq.
ii Estamos trabalhando aqui com a noção de sujeito de inconsciente própria a Lacan, sujeito correlato à dimensão do desejo inconsciente em Freud. Colocamos o eu no eixo do movimento, por ser seu o acesso à mobilidade, segundo Freud. No eixo da dificuldade, situamos o sujeito, por ser este o das manifestações pelas quais se apresenta.
iii Ao tratar da formulação dos sonhos, Freud revela a estrutura de linguagem do inconsciente que Lacan veio a formalizar mais tarde com o aporte da linguística estrutural. Em um dos textos sobre “técnica”, o autor afirma que a censura dos sonhos incorpora, por assim dizer, o saber sobre sua interpretação, utilizando-o na formação posterior dos mesmos. C.f. “El uso de la interpretatión de sueños en el psicoanalisis”(1911)”. O. C., B. Aires: Amorrortu. 1988, p. 91, vol. XII. Trabalhamos este ponto, a partir da difusão da psicanálise, em relação ao fechamento do inconsciente, no texto: Interpretação: alcance da palavra, limites do sujeito, Opção Lacaniana. n. 25. out. 99, p. 23-26.
iv Fazemos referência ao que está posto por Lacan em seu Seminário de n º XX, Encore, que recebeu em português a adequada tradução de Mais Ainda. Ele o inicia afirmando que ainda está ali por causa do “eu não quero saber nada disso”, em uma referência às duas das paixões do ser, a do amor, endereçado ao analista, na demanda de saber, e a da ignorância, onde esta demanda mesma se ancora. Desenvolvemos uma reflexão sobre a articulação entre duas paixões, realizada a partir de dados da clínica, no texto Amor com-paixão, amor compulsão: pequeno ensaio sobre a paixão. In: L. V. Soares, C. E. e L.-Hoölck, A. L., Paixões do ser: amor, ódio e ignorância. Rio de Janeiro: Contra Capa Livraria. 1998, p. 187-200.
BESSET, V. L. Quem sou eu? a questão do sujeito na clínica psicanalítica. Arquivos Brasileiros dePsicologia. vol. 49. n. 4. 1997, p. 64-71.
FREUD, S. – Inhibición, síntoma y angustia (1926 [1925])”. In: Obras completas. B. Aires: Amorrortu, 1987, p. 83, vol. XX.
LACAN, J. -Le Séminaire, Livre X. (1962-1963). Paris: Seuil, 2004.
Second Opinion for Mr. Peter Peterson Reason for Request: Mr. Peterson was told that he has an enlarged prostate by his physician, but no treatments were offered. Mr. Peterson wants to know what his options are. Disease History: Mr. Peterson is 55 years old. He has been having urination problems for a few years. His most troubling symptom is that he wakes 3 or more times a night to
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